Mais que a ciência, a utopia é quem desafia a existência humana diariamente. Eu falo isso porque é bom deitar a cabeça no travesseiro e pensar no que quiser. Difícil mesmo é enxergar a linha tênue entre nossos planos e a pressa da realidade que nos exige certo pragmatismo.Ser pragmático é simplesmente fazer o que tem que ser feito, e inúmeros sonhos não saem do papel ou nem mesmo da nuvem das nossas cabeças enquanto estamos sentados no sofá.
Isso não é uma crítica aos acomodados e sim uma ode (ou quase uma) aos pragmáticos de bom senso, que sabem sonhar sem perder a prazerosa oportunidade de realização ou a admirável criação dela.
Certa vez vi uma entrevista de Eduardo Galeano onde respondia o que era utopia. Como ainda não levantei do sofá e fui atrás de um conceito só meu, acabei pegando o dele emprestado, que de forma sensacional me tirou o peso da contrariedade entre essas duas realidades (ou necessidades?). Dizia assim:
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
A utopia é quase um sentimento, é condição “sine qua non” do homem, é grátis e doce como o mel. Mesmo com tantas características confortáveis de vestir, deixo o meu apreço caprichado ao pragmatismo, que nos leva a perfeição e quem sabe um dia, lá na frente, a "linha do horizonte" que chamamos de utopia.